sábado, 15 de setembro de 2007

Cacto


Minha irmã estava para jogar um vaso com um cacto sem graça que nunca dera uma só flor. Fiquei com muita pena do coitado e o adotei. Nove anos se passaram e ele lá, parado, cheio de espinhos. Eu olhando pra ele, ele olhando pra mim. Nada! Algumas vezes eu o ameaçava. Ou gerava uma flor, ou ia pra rua. Mas nunca tive coragem de cumprir as ameaças. Uma manhã, sem o menor aviso, o cacto me surpreendeu quando desci as escadas para o café da manhã. Fiquei paralizada olhando a flor, com medo de me mexer e ela se desfazer no ar. Fui me aproximando para olhar uma verdadeira cascata colorida que brotava do centro da flor. Uma chuva de cores delicada , fina, mágica me fazendo chorar de emoção.

De repente, o desespero: uma amiga estava com a minha câmera e não devolvia nunca. Liguei, pedi, mas ela não me atendeu e a flor murchou. Guardei na memória aquela presença encantada por mais quatro anos. Nada de uma segunda flor. Até que, pela segunda vez, a flor apareceu. E assim tem sido pelos últimos três ou quatro anos. A cada ano, faço novas fotos. Salvo no computador, faço backup, salvo de novo.

É sempre esse o presente de fim de ano que eu tenho certeza que vou receber e agradecer.

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