quinta-feira, 21 de junho de 2007

O começo que não tem fim ou ... simplesmente SAUDADE

E assim tudo começa... Lavar todos os tecidos para que encolham antes de costurados e também verificar se soltam tinta.

Falando assim parece a coisa mais sem graça e técnica, pra dizer o mínimo. Mas nem tudo o que parece é!
O assunto de molhar, estender, esperar secar e recolher esses pedaços de cores é muito mais sério e poético do que se possa imaginar. Pode levar horas, agradáveis, lindas mesmo.

Vejam, por exemplo, o que foi estender esses tecidos todos numa manhã maravilhosa de final de outono. Com direito a céu azul e vento brincalhão, esses panos me levaram a uma doce viagem ao passado.

Quantas manhãs da minha vida passei correndo pelos labirintos formados por roupas coloridas que esvoaçavam nos varais do meu quintal não me lembro. Só me lembro da felicidade que era correr, ora na frente ora atrás da minha irmã menor, com os braços estendidos, abrindo caminho entre os panos. Se estavam molhados, a alegria era maior por causa do frescor dos respingos no rosto.


Riamos tanto que, com o tempo, as pernas começavam a bambear e, infalivelmente, acabávamos caídas uma ao lado da outra, às gargalhadas, já antecipando a briga da mãe. É que, também infalivelmente, derrubávamos roupas recém lavadas, quando não arrebentávamos as cordas.

Mas, as cordas eram sempre consertadas, as roupas sempre dependuradas, o vento sempre soprava, o sol sempre brilhava e nós, as meninas, começavamos tudo de novo...

Nenhum comentário: